Uma investigação feita pela imprensa alemã acusa o papa emérito Bento XVI de ter acobertado um padre suspeito de cometer abusos sexuais contra menores entre 1973 e 1996, período em que o religioso era arcebispo de Munique e Freising.
Segundo o jornal Die Zeit, existe um "decreto extrajudicial" de 2016 do tribunal eclesiástico da Arquidiocese de Munique e Freising que critica o comportamento dos altos prelados, incluindo Joseph Ratzinger, em relação à admissão do pároco de Essen, Peter H..
O padre foi transferido para a Arquidiocese de Munique em 1980, após ser acusado de pelo menos 23 crimes sexuais contra menores de 8 a 16 anos entre 1973 e 1996.
De acordo com a publicação, Bento XVI tinha conhecimento dos casos envolvendo o sacerdote e, mesmo assim, o acolheu como clérigo em sua diocese, com a condição de que fizesse terapia na Baviera.
Ratzinger "deliberadamente se absteve de punir o crime", diz o semanário, acrescentando que tanto o atual emérito como o então chefe de Essen e seus vigários-gerais "não cumpriram sua responsabilidade para com as crianças e jovens confiados aos seus cuidados pastorais".
O secretário pessoal do papa emérito, Georg Gäenswein, por sua vez, nega categoricamente as "falsas" acusações e ressalta que Ratzinger "não tinha conhecimento da história anterior (acusações de agressão sexual) na decisão de admitir o padre".
Outra investigação do "The New York Times", de 2010, já falava dos abusos do padre, apontando que cerca de 30 pessoas foram vítimas do clérigo entre Munique e Essen.
O padre foi condenado em 1986 pelo Tribunal Distrital de Ebersberg, mas no final da sentença foi reintegrado em uma paróquia pelo cardeal Friedich Wetter, sucessor de Ratzinger em Munique.
Ainda conforme a publicação, o documento foi elaborado pelo escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl por encomenda do cardeal Reinhard Marx , titular da arquidiocese desde 2007, e analisa os anos de 1945 a 2019.
A publicação do relatório do Die Zeit coincide com a próxima publicação de um relatório sobre o tratamento de casos de abusos nas dioceses de Munique, que completa outra investigação culminada em 2010. (ANSA)
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