(ANSA) - A União Europeia (UE) formalizou nesta sexta-feira (22) sua proposta para introduzir tarifas "proibitivas" sobre as importações de grãos, sementes oleaginosas e produtos agrícolas derivados da Rússia e de Belarus, incluindo farinha de trigo, milho e girassol.
As medidas, antecipadas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen durante uma reunião, serão discutidas pelos governantes do bloco hoje.
Segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, as tarifas "tornarão comercialmente inviáveis as importações destes produtos". Dependendo do produto específico, os direitos impostos aumentarão para 95 euros por tonelada ou terão o valor de 50%.
Para Von der Leyen, as taxas sobre os grãos russos "reduzirão a capacidade da Rússia de explorar a UE em benefício da sua máquina de guerra.
"As medidas comerciais visam mitigar o risco crescente para os nossos mercados e para os nossos agricultores", acrescentou ela, destacando que a UE está "encontrando o equilíbrio certo entre apoiar a economia e as comunidades agrícolas".
De acordo com a chefe do Poder Executivo da UE, isto acontece ao mesmo tempo que o "apoio inabalável à Ucrânia" é mantido e a segurança alimentar global é preservada especialmente para os países em desenvolvimento.
As importações de cereais da UE provenientes da Rússia atingiram um recorde global de 4 milhões de toneladas em 2023, o equivalente a 1% do consumo global europeu, no valor de cerca de 1,3 bilhão de euros.
As medidas visam "prevenir a desestabilização do mercado" dos países-membros, preocupação também destacada "pela comunidade agrícola da UE", além de contrariar a estratégia do Kremlin de apreensões ilegais de trigo produzido na Ucrânia, depois rotulado como "russo" e exportado para o bloco.
O objetivo é também eliminar "outra importante fonte de lucro para a economia russa e, por extensão, sua máquina de guerra".
O aumento tarifário também se aplicará a Belarus devido aos seus "estreitos laços políticos e econômicos com a Rússia" e para evitar que Moscou canalize mercadoria para a UE, utilizando o território bielorrusso para fugir das tarifas.
Em 2023, Minsk exportou para a UE 610 mil toneladas de cereais, oleaginosas e produtos derivados no valor de 246 milhões de euros.
Segundo estimativas do bloco, os direitos levarão a uma redução nas importações dos grãos dos dois países em quase 5 milhões de toneladas por ano. Espera-se também o apoio de países terceiros que tradicionalmente abastecem o mercado, como os Estados Unidos, o Brasil, a Ucrânia, a Sérvia e a Argentina.
A proposta foi apresentada enquanto os líderes europeus debatiam a resposta da UE às reclamações dos agricultores sobre as regras ambientais e a suspensão das tarifas sobre as importações agrícolas da Ucrânia desde a invasão do país pela Rússia, em fevereiro de 2022.
Além disso, é divulgada após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, questionar o acesso "livre" dos russos ao mercado agrícola europeu.
"Enquanto os grãos ucranianos são jogados nas estradas ou ferrovias, os produtos russos ainda não são transportados para a Europa, também como mercadorias provenientes de Belarus controlada por Putin", acrescentou.
Para Zelensky, isto "não é justo" e, "é ainda mais injusto quando alguém tenta desmantelar soluções comerciais que estão em vigor há anos e que funcionam para a força de toda a Europa".
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