(ANSA) - Diversas lideranças ocidentais vieram a público nesta terça-feira (27) para rechaçar a hipótese de enviar tropas à Ucrânia, ventilada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, durante uma reunião em Paris na noite anterior.
Durante o encontro, o líder francês destacou que o principal objetivo é "evitar que a Rússia vença a guerra" e, para isso, os aliados de Kiev não podem excluir a possibilidade de mandar soldados para o território ucraniano. "Hoje não é consenso, mas nada pode ser excluído", disse Macron na ocasião.
A ideia, no entanto, foi rechaçada de forma praticamente unânime pelos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a começar pelos Estados Unidos.
Um funcionário da Casa Branca citado pela Reuters garantiu que os EUA não têm intenção de mandar tropas à Ucrânia, e o próprio secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, assegurou que não há planos nesse sentido.
Já o poder Executivo da União Europeia salientou que o tema "não foi discutido" no bloco, enquanto o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, declarou que "nenhum soldado" da Otan ou da UE será enviado para a Ucrânia. "Aquilo que decidimos entre nós no início continua válido para o futuro", acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, também fez coro aos outros líderes ocidentais. "Quando se fala de mandar militares, é preciso ser muito prudente porque não podemos fazer pensar que estamos em guerra com a Rússia", disse o também vice-premiê durante uma visita a Zagreb, na Croácia.
"Nós não estamos em guerra com a Rússia e, no meu juízo pessoal, não sou favorável a enviar tropas italianas para combater na Ucrânia", acrescentou.
Um eventual envio de tropas para a Ucrânia poderia ser entendido como uma declaração de guerra contra a Rússia e desencadear um conflito de proporções globais. "Isso não é do interesse do Ocidente", afirmou nesta terça o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Por sua vez, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, pediu para Macron "usar a cabeça para pensamentos mais racionais e seguros para a Europa".
Vaticano
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou que o envio de tropas ocidentais à Ucrânia "seria aquela escalada que sempre procuramos evitar desde o início, um cenário, não diria apocalíptico, mas temível”.
Explicação
Em meio ao furor provocado por Macron, o governo da França se manifestou para explicar que uma eventual presença de tropas ocidentais na Ucrânia não significaria "beligerância".
Questionado sobre o assunto, o ministro das Relações Exteriores Stéphane Séjourné disse que "é preciso pensar em novas ações de apoio" a Kiev, incluindo iniciativas para remoção de minas e a produção de armamentos "in loco".
"Algumas dessas ações poderiam tornar necessária uma presença [militar] no território ucraniano, sem ultrapassar o patamar da beligerância", afirmou. (ANSA)
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