(ANSA) - O jornalista e escritor Roberto Saviano, jurado de morte pela máfia Camorra por causa de seus livros e reportagens sobre o crime organizado, disse estar "orgulhoso" de ter sido processado por vincular o vice-premiê e ministro de Infraestrutura da Itália, Matteo Salvini, a mafiosos.
A declaração foi dada pelo italiano nesta quarta-feira (1º), no Tribunal Penal de Roma, após a primeira audiência do julgamento por difamação em um processo movido após publicações de 2018 atacarem o líder do partido ultranacionalista Liga.
"Tenho orgulho de ser acusado neste processo criminal porque me dá a oportunidade de registrar em um tribunal que não vamos permitir que líderes partidários e ministros do governo impeçam críticas", disse Saviano.
O autor de "Gomorra", que também foi processado por outros três membros do atual governo, incluindo a premiê italiana, Giorgia Meloni, é acusado de difamação depois de definir Salvini como um "ministro della mala vita", um termo utilizado para se referir à máfia italiana.
"É intolerável a forma como Salvini se relacionava com o sul da Itália, sem nenhuma vontade de entender suas dinâmicas e dramas, onde os votos eram conquistados facilmente", argumentou o jornalista.
Saviano, que vive sob proteção policial, também aproveitou o momento para apontar as diversas tentativas de Salvini de retirar sua escolta, o que "significaria expulsá-lo do país, exatamente o que ele quer".
"Seu único objetivo é me intimidar e me acusar de inimigo público, culpado pelo desperdício de recursos do Estado", concluiu.
O juiz do caso adiou o julgamento para o próximo dia 1º de junho, quando Salvini será ouvido. O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, foi citado entre as testemunhas de defesa.
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