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Coalizão de direita candidata Berlusconi a presidente

Coalizão de direita candidata Berlusconi a presidente

Ex-premiê enfrenta resistência em outros grupos políticos

ROMA, 15 janeiro 2022, 17:06

Redação ANSA

ANSACheck

Silvio Berlusconi tenta emplacar candidatura a presidente da República - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Após uma reunião de duas horas e meia, a coalizão de direita apresentou nesta sexta-feira (14) a candidatura do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi para presidente da Itália.

O cargo é ocupado atualmente pelo jurista Sergio Mattarella, que encerrará seu mandato de sete anos no próximo dia 3 de fevereiro e não quer ser reeleito.

Seu substituto será escolhido a partir de 24 de janeiro, em uma assembleia que reúne deputados, senadores e delegados das 20 regiões do país, totalizando pouco mais de mil votos.

"A centro-direita, que representa a maioria relativa na assembleia chamada a eleger o novo chefe de Estado, tem o direito e o dever de propor a candidatura ao principal cargo institucional. Os líderes da coalizão concordaram que Silvio Berlusconi é a figura adequada a exercer a função com o prestígio e a experiência que o país merece", diz um comunicado assinado pelos partidos de ultradireita Liga e Irmãos da Itália (FdI) e pelo conservador moderado Força Itália (FI).

Os dois primeiros, que disputam a primazia dentro da aliança, são liderados por Matteo Salvini e Giorgia Meloni, respectivamente, enquanto o último é o partido personalista fundado por Berlusconi no início dos anos 1990 e que hoje é o elo mais frágil da coalizão.

A reunião desta sexta foi realizada na residência do ex-primeiro-ministro em Roma, em meio à crescente incerteza na Itália sobre quem será o substituto de Mattarella. "As forças políticas da centro-direita trabalharão para encontrar a convergência mais ampla possível no Parlamento [em torno de Berlusconi]", acrescenta o comunicado.

Apesar de pender para o ultranacionalismo, essa coalizão é chamada pelos jornais italianos de "centro-direita" e hoje possui a maior bancada no Parlamento, mas não tem os números necessários para eleger sozinha o próximo presidente.

Para ser eleito, um candidato precisa obter pelo menos dois terços do total de pouco mais de mil votos; se esse patamar não é alcançado nas três primeiras votações, a partir da quarta é necessária apenas a maioria absoluta.

Estratégias

A aposta de Berlusconi é aguardar o quarto escrutínio, quando o piso é menor, e se eleger com o apoio de toda a coalizão conservadora e de uma parte dos parlamentares do chamado grupo misto, que não estão ligados a nenhum partido e hoje reúnem cerca de 10% dos votos.

No entanto, essa estratégia significaria uma ruptura na base aliada do premiê Mario Draghi, já que Liga e FI fazem parte da coalizão de união nacional que apoia o economista.

Outra alternativa seria conseguir o endosso da centro-esquerda e do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) já na primeira votação, mas o histórico controverso e os problemas de Berlusconi com a Justiça afastam essas duas forças.

"Berlusconi não desiste nunca e está fazendo sua parte, mas para o M5S é um claro 'não'. Ele é um candidato inadequado para o país. Se for eleito, não haveria mais maioria de governo e teríamos eleições. A manutenção do sistema estaria em risco", afirmou nesta sexta o deputado Stefano Buffagni (M5S).

"Berlusconi deveria compreender que sua eleição, se acontecesse, levaria a uma dilaceração do país, e perderíamos Draghi. Eles não têm senso de limite", comentou o eurodeputado Carlo Calenda, líder do partido de centro Ação, que propõe a eleição da jurista independente Marta Cartabia, atual ministra da Justiça.

Outro aspecto importante do pleito para presidente é que o voto é secreto. Ou seja, mesmo que um candidato acredite ter apoio suficiente, as urnas podem desmenti-lo. "Eles [da coalizão de direita] sabem que, com escrutínio secreto, não votarão em Berlusconi, mas não podem dizê-lo por causa das câmeras", ironizou Calenda.

Já o ex-premiê Enrico Letta, cacique da centro-esquerda italiana, defendeu que o candidato não pode ser um "líder político", mas sim uma "figura institucional". "Repito aquilo que sempre disse: o candidato tem de ser unificador, e não divisivo", acrescentou.

O próprio Draghi também é cotado para substituir Mattarella na Presidência, mas sua eleição deixaria o cargo de premiê vago, e dificilmente outro político conseguiria manter unida uma coalizão tão heterogênea, que vai da esquerda à extrema direita.

Outra hipótese é a recondução de Mattarella, mas o octogenário presidente já indicou que não deseja ser reeleito para mais sete anos de mandato - a Itália teve até hoje apenas uma reeleição de chefe de Estado. (ANSA) 

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