Um abeto de 200 anos, considerado um dos mais queridos pelos moradores de Val di Ledro, nas proximidades do Lago de Garda, na região italiana da Lombardia, foi cortado nesta terça-feira (19) para ser levado ao Vaticano como a tradicional árvore de Natal do Papa, apesar dos protestos dos cidadãos locais.
A árvore de 30 metros de altura recebeu o machado mesmo depois de uma série de vigílias iluminadas por tochas, com o objetivo de salvar "o querido Gigante Verde", apelido carinhoso dado pelos moradores da cidade depois de o abeto superar guerras, nevascas e machados durante dois séculos.
"Lamentamos muito a derrubada de um abeto de 31 metros. O que chegará a Roma será um ser vivo moribundo", declarou Lorenzo Vescovi, um dos primeiros a protestar contra o corte.
O ativista italiano enfatizou que a "luta não para", porque todos querem "evitar que árvores sejam derrubadas neste vale e em qualquer outro lugar por um costume cruel e anacrônico".
Antes do corte, os cidadãos locais chegaram a enviar uma carta ao papa Francisco pedindo que ele evitasse a retirada da árvore, pois provocaria uma "desgraça anacrônica". Além disso, uma petição foi assinada por mais de 40 mil pessoas.
Ao mesmo tempo, um advogado entrou com uma ação legal na Justiça em nome de comitês e associações locais para tentar impedir uma "matança inútil". Recentemente, inclusive, moradores se uniram em torno da árvore com tochas e se abraçaram em protesto. Apesar das iniciativas, nenhuma mobilização foi suficiente para evitar o corte.
Hoje, o Governatorato da cidade-Estado do Vaticano anunciou que a escolha do abeto não foi determinada só pelo valor estético, mas também por um valor "ecologicamente responsável", em uma resposta indireta às muitas controvérsias que surgiram sobre o corte da árvore.
"De Ledro, no Trentino, vem o majestoso abeto maduro, de 29 metros de altura. A escolha deste exemplar foi determinada não só por um valor estético, mas também por um valor ecologicamente responsável, considerando que a remoção do árvore garantirá a substituição natural da floresta nas próximas décadas", afirmou o Vaticano.
Segundo a Santa Sé, "as florestas da região são certificadas pelo PEFC" e, portanto, "são geridas de acordo com os mais rigorosos requisitos ambientais, sociais e econômicos". Desta forma, "o abeto retirado faz parte de um dos lotes que devem ser cortados para o correto cultivo da floresta".
A árvore de Natal do Papa e o tradicional presépio na Praça São Pedro poderão ser vistos a partir do dia 7 de dezembro, durante as festividades de fim de ano.
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