O presidente da Itália, Sergio Mattarella, recordou neste domingo (4) o 50º aniversário do atentado ao trem Italicus, afirmando que este momento fez parte de uma temporada de terror neofascista.
O ataque ocorrido em 1974 deixou 12 mortos nos Apeninos entre Florença e Bolonha, nos Anos de Chumbo.
"Na cadeia sangrenta da temporada terrorista da extrema direita italiana, da qual o massacre de Italicus é uma parte significativa, sua origem neofascista emerge, como enfatizado por uma sentença do Tribunal de Cassação e pelas conclusões da comissão de inquérito parlamentar, embora os procedimentos judiciais não tenham levado à condenação efetiva dos responsáveis", declarou ele.
O presidente italiano ressaltou que, "50 anos atrás, a estratégia terrorista que visava desestabilizar a República teve como alvo o trem Italicus em San Benedetto Val di Sambro, semeando morte e dor".
"Era um trem viajando para a Alemanha, lotado de viajantes, muitos dos quais eram migrantes voltando para o trabalho", lembrou.
Segundo Mattarella, "11 passageiros morreram no incêndio que se seguiu à explosão" e "a 12ª vítima foi um ferroviário, Silver Sirotti, medalha de ouro por valor cívico por seu heroísmo: ele perdeu a vida salvando muitos outros".
"Sua generosidade, juntamente com sua grande coragem, mostra os valores imortais de humanidade e solidariedade que os assassinos e seus cúmplices queriam erradicar", afirmou o líder italiano, expressando solidariedade às famílias das vítimas e aos muitos que ficaram feridos no ataque.
Às 1h23 da madrugada de domingo, 4 de agosto de 1974, uma bomba explodiu no trem Roma-Munique com 342 passageiros a bordo, matando 12 pessoas e ferindo outras 48.
A organização neofascista Ordine Nuovo (Nova Ordem) assumiu a responsabilidade pelo atentado, mas ninguém foi condenado pelo ataque por falta de provas.
As vítimas, com idades entre 14 e 70 anos, incluíam três turistas estrangeiros (um holandês, um austríaco e um japonês), membros de uma família - um casal e seu filho adolescente - e Silver Sirotti, de 25 anos, que foi o primeiro a correr até o vagão do trem atingido para ajudar os passageiros e morreu em meio às chamas e à fumaça.
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