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'É impossível derrotar Rússia na Ucrânia', diz Putin em entrevista

'É impossível derrotar Rússia na Ucrânia', diz Putin em entrevista

Líder do Kremlin teve rara conversa com jornalista americano

MOSCOU, 09 fevereiro 2024, 14:32

Redação ANSA

ANSACheck

Putin deu entrevista para jornalista Turcker Carlson © ANSA/EPA

(ANSA) - Em sua primeira entrevista a um jornalista ocidental desde o início da guerra com a Ucrânia, em fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que uma derrota de seu país no conflito "é impossível".

A gravação da conversa com o repórter Turcker Carlson foi divulgada na noite da última quinta-feira (8) e mostra o líder russo respondendo perguntas sobre a invasão ao território ucraniano e retratando a Rússia como uma vítima.

"Houve alvoroço e clamor sobre infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha, mas agora aparentemente estão percebendo que é difícil conseguir isso, se é que é possível. Na minha opinião, é impossível por definição", afirmou. "Nunca vai acontecer".

Além disso, Putin destacou que não tem interesse em expandir o conflito para outros países, como a Polônia e a Letônia. Segundo ele, uma invasão nos dois países está fora de questão.

O conflito no território ucraniano alimentou receios entre os países bálticos de que Moscou também pudesse invadi-los. "Só num caso eu enviaria tropas, se a Polônia atacasse a Rússia. Não temos interesse na Polônia, na Letônia ou em qualquer outro lugar. Isso está absolutamente fora de questão", afirmou o líder russo.

Durante a conversa, ele também disse acreditar ser possível fechar um acordo para libertar o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, que foi preso na Rússia no ano passado sob acusação de espionagem.

O líder do Kremlin destacou ainda que o governo dos Estados Unidos deve parar de fornecer ajuda militar à Ucrânia. "Vou dizer o que estamos dizendo sobre este assunto e o que estamos transmitindo aos líderes americanos. Se realmente querem parar de lutar, devem parar de fornecer armas", acrescentou.

A entrevista com Carlson foi realizada em Moscou na última terça-feira e transmitida pelo tuckercarlson.com. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, "dezenas" de jornais ocidentais, inclusive dos EUA e da Itália, solicitaram "nos últimos três ou quatro dias" uma entrevista com o presidente russo após o anúncio do jornalista americano.

"Os pedidos vieram entre outras coisas, dos EUA, França, Itália, Áustria e Austrália. Estamos gratos a estes meios de comunicação estrangeiros pelo seu interesse no nosso presidente e, embora por razões óbvias seja impossível fazê-lo agora, manteremos todos estes pedidos em mente para o futuro", concluiu o porta-voz.

Após 14 horas, a entrevista de Carlson com Putin ultrapassou 100 milhões de visualizações na plataforma X (antigo Twitter) e recebeu mais de 708 mil curtidas. Ao todo, o vídeo foi compartilhado aproximadamente 226 mil vezes.

No entanto, a entrevista foi duramente criticada pelo governo da Ucrânia, país invadido pelas tropas russas desde fevereiro de 2022.

"Qualquer conversa/entrevista com a entidade Putin é uma tentativa indiscutível de legalizar as regras do canibal russo", afirmou o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, no X, enfatizando que a tentativa de Putin "de justificar o genocídio dos ucranianos faz da guerra nada mais do que a própria guerra, e certamente não traz a Rússia de volta à civilização".

Já uma porta-voz da Comissão Europeia reforçou que "Vladimir Putin não disse nada de novo em sua entrevista com Tucker Carlson", apenas "repetiu velhas mentiras sobre a Ucrânia, mentiras perigosas que causaram enorme sofrimento aos ucranianos, e mostrou grande hostilidade para com o Ocidente".

"Putin mostrou mais uma vez que não está interessado na paz. Se realmente quisesse, poderia retirar as tropas russas das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia", concluiu.
   

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