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Hamas acusa Itália de fazer parte de 'agressão' contra grupo

Hamas acusa Itália de fazer parte de 'agressão' contra grupo

ROMA, 31 outubro 2023, 18:16

Redação ANSA

ANSACheck

Foguetes israelenses sobre Gaza © ANSA/EPA

(ANSA) - O grupo fundamentalista islâmico Hamas acusou nesta terça-feira (31) o governo italiano de fazer parte da agressão liderada por Israel contra o movimento.

"Infelizmente, o governo italiano escolheu mais uma vez a direita, o lado direito da história. É um erro gravíssimo que transforma a Itália numa das partes da agressão contra o nosso povo", declarou o ex-ministro da Saúde e atual chefe do Conselho de Relações Internacionais do Hamas, Basem Naim, na Rai3.

Segundo ele, "Israel hoje não age sozinho. Israel atua em nome dos Estados Unidos, da França, da Alemanha, do Reino Unido e, infelizmente, também da Itália, que enviou algumas tropas para o Mediterrâneo".

Para Naim, "a comunidade internacional tem hoje a mesma responsabilidade que os israelenses por todos os massacres cometidos todos os dias contra o nosso povo".

A atual guerra foi deflagrada após ataques sem precedentes cometidos pelo Hamas em Israel, que deixaram cerca de 1,4 mil mortos, dos quais mais de 200 ainda não foram identificados.

Em resposta, o governo do premiê Benjamin Netanyahu iniciou uma série de bombardeios contra a Faixa de Gaza e já provocou a morte de mais de 8,5 mil pessoas.

De acordo com balanço divulgado nesta terça pelo Ministério da Saúde local, foram registradas 8.525 vítimas desde o início da guerra.

Durante a madrugada, ataques aéreos israelenses atingiram as proximidades do Hospital Europeu em Khan Younis, no sul de Gaza, informaram fontes palestinas, citadas pela Al Jazeera. Cerca de 50 pessoas, incluindo muitas crianças, foram mortas e feridas.

Ao todo, pelo menos 300 alvos do Hamas foram atingidos pelo Exército de Israel em Gaza no último dia, conforme dados divulgados pelo porta-voz militar.

Por outro lado, sirenes de alerta soaram em cidades de Israel em decorrência do lançamento de foguetes a partir de Gaza. O grupo fundamentalista islâmico teria 240 reféns sequestrados. 

Ajuda humanitária

O governo italiano anunciou que enviou um novo avião C130 da Força Aérea com a segunda remessa de ajuda humanitária para a população palestina.

A aeronave vai aterrissar no Egito e todos os suprimentos serão transportados para Gaza através da passagem de Rafah pelo Crescente Vermelho.

"É importante, num momento em que, no Oriente Médio, está a acontecer uma terrível tragédia para a humanidade, que a Itália tenha dado um sinal à população civil que está sofrendo o maior impacto", declarou o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto.

Segundo o político italiano, "o Hamas não é a população palestina, mas sim os civis, incluindo muitas crianças, idosos e mulheres que são as verdadeiras vítimas deste conflito, tal como os civis e reféns israelenses".

"A comunidade internacional deve tomar medidas para garantir-lhes alimentos, água e medicamentos. A Itália está entre os primeiros a ter esta sensibilidade, com a França e o Reino Unido, e está fazendo isso. Agora, porém, é necessário um esforço concertado por parte da ONU, da Otan e da UE", alertou.

Crosetto lembrou ainda que a "Itália, com o voo de ontem, foi um dos primeiros países a levar ajuda" para os palestinos e enfatizou que espera "que haja uma competição de todo o mundo para ajudar a população civil e procurar todas as formas possíveis para uma desescalada das tensões na área".

Além disso,  anunciou que o governo italiano está planejando montar um hospital de campanha em Gaza para auxiliar a população afetada pelos bombardeios de Israel contra o grupo fundamentalista islâmico Hamas.

“Estamos a organizar a possibilidade de levar um hospital de campanha para Gaza”, escreveu o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, em sua conta no X (antigo Twitter).

Por sua vez, o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, reiterou que o país continuará próximo do povo palestino, que atualmente sofre momentos de graves dificuldades".

Hoje, pelo menos 80 caminhões com alimentos, água e medicamentos entraram em Gaza a partir da passagem de Rafah, elevando o total de veículos para 144 desde segunda-feira (30). 

Papa Francisco

O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que espera que o papa Francisco faça uma "declaração clara e forte" sobre os reféns sequestrados pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas e mantidos em Gaza.

"Quero ouvir Sua Santidade, o Papa, fazer uma declaração clara sobre as crianças que estão em Gaza, são 30 crianças, bebês de nove meses que foram raptados", declarou ele em entrevista ao jornalista Bruno Vespa, no programa italiano Porta a Porta.

Durante a conversa, o líder israelense enfatizou que espera que "todas as vozes morais do mundo sejam muito firmes" e reforçou que "gostaria de ouvir uma declaração muito forte também da Santa Sé".

Na entrevista, Herzog recordou a difícil situação dos cristãos no Oriente Médio, aos quais "também protegeu pessoalmente". "Quem pode justificar este horror de alguma forma?", questionou.

Para o mandatário de Israel, "tudo começou em seu país, com os judeus, mas nunca terminará lá". "A Europa será a próxima, e é por isso que estamos travando uma batalha em nome de todo o mundo".

Nos últimos dias, Francisco fez diversos apelos por um cessar-fogo na Faixa de Gaza e pela libertação imediata dos reféns mantidos pelo Hamas na região após a ofensiva deflagrada contra Israel em 7 de outubro.

 Além disso, o líder da Igreja Católica destacou a necessidade da abertura de corredores para garantir a chegada da ajuda humanitária na região afetada pelo conflito.

Campo de refugiados

O grupo fundamentalista islâmico Hamas acusou Israel de bombardear um campo de refugiados na cidade de Jabalia, no norte de Gaza.

De acordo com o Ministério do Interior do Hamas, "seis bombas de uma tonelada lançadas sobre o campo de refugiados de Jabalia causaram 400 mortos ou feridos".

Fontes locais acrescentaram que este é um número inicial, baseado nas vítimas já transferidas para um hospital vizinho. No entanto, muitas outras pessoas ainda estão cobertas pelos escombros.

Segundo dados oficiais, citados pela imprensa local, pelo menos 50 civis morreram nos ataques aéreos ao campo de refugiados.

Até o momento, o Exército de Israel não comentou a ofensiva. 

Desaparecidos

Autoridades israelenses temem que o destino de muitos de seus cidadãos considerados desaparecidos continue desconhecido mesmo depois da guerra.

Segundo estimativas de oficiais da Defesa, há 40 pessoas das quais não se tem notícia.

No momento, as autoridades não sabem se as pessoas foram raptadas ou mortas, mas oficiais acreditam que muitas tenham sido assassinadas.

UE

Um porta-voz da União Europeia pediu nesta terça-feira (31) em nome do bloco que Israel pare a violência dos colonos na Cisjordânia.

“O recrudescimento do terrorismo dos colonos na Cisjordânia levou a um número altíssimo de feridos e a comunidades palestinas obrigadas a deixar suas casas. A situação pode sair de controle”, alertou.

“Israel tem o dever de proteger os civis na Cisjordânia da violência dos colonos extremistas, de perseguir os responsáveis. É uma obrigação legal que deve ser respeitada. Isso se soma a uma situação já trágica em Gaza, aumentando o risco de uma perigosa escalada do conflito”, concluiu.

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