(ANSA) - O Exército de Israel intensificou seus ataques contra Gaza neste sábado (14), após encerrar o prazo estabelecido para a saída de civis do norte da região, no oitavo dia de conflito contra o grupo fundamentalista Hamas.
Hoje, o governo do premiê Benjamin Netanyahu havia oferecido uma nova oportunidade aos palestinos e chegou a indicar duas rotas seguras para os residentes evacuarem a região, entre 10h e 16h (hora local), de Beit Hanun, no norte de Gaza, até Khan Yunes, na área central. O prazo terminou às 10h, no horário de Brasília.
"Se você se preocupa com si mesmo e com a sua família, vá para o sul da Faixa de Gaza", apontou a publicação do porta-voz do exército israelense em árabe, Avichay Adraee. "Tenham a certeza de que os líderes do Hamas cuidaram de si próprios e estão se protegendo".
O anúncio foi feito após o exército israelense estender o prazo de 24 horas dado para os civis saírem a região norte da Faixa de Gaza. O ultimato aumentou as especulações de uma possível ofensiva terrestre liderada pelo regime do premiê israelense, Benjamin Netanyahu.
Mais cedo, o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, já havia criticado o plano de Israel de evacuar mais de um milhão de pessoas da região em um único dia.
"Representando a posição oficial da União Europeia, o plano de evacuação é absolutamente impossível de implementar", afirmou Borrell, acrescentando que "deslocar um milhão de pessoas em 24 horas numa situação como a de Gaza só pode ser uma crise humanitária". "É um cenário a ser evitado".
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 423 mil palestinos abandonaram as suas casas em Gaza, mesmo antes da ordem de Israel para a evacuação.
Em meio à evacuação, o Exército de Israel chegou a acusar o Hamas de obstruir o deslocamento dos palestinos. Ao todo, mais de 1,3 mil edifícios foram completamente destruídos.
Na noite da última sexta-feira (13), as tropas israelenses conduziram ataques "de grande escala" contra alvos do Hamas na Faixa de Gaza. Segundo um porta-voz militar, "numerosos agentes" da unidade de elite do grupo fundamentalista, "Nukhba", foram mortos.
Entre os líderes do Hamas afetados estava também o chefe do sistema aéreo de Gaza, Merad Abu Merad, considerado responsável "por ter dirigido os terroristas durante o massacre do último sábado".
Além disso, o Exército de Israel informou ter prendido mais de 230 agentes do Hamas em vários locais da Cisjordânia desde o início da Operação "Espadas de Ferro".
Desde o começo das hostilidades, 2.215 pessoas morreram em Gaza e 1.788 ficaram feridos, sendo que apenas ontem foram registradas 256 vítimas, incluindo 20 menores, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde local.
Na manhã deste sábado, os ataques com foguetes de Gaza ao sul de Israel foram retomados após uma pausa de cerca de 10 horas. Somente em Ashkelon, cidade costeira no sul do país, o Hamas lançou mais de 150 foguetes.
Várias sirenes soaram no centro de Israel, incluindo na área metropolitana de Tel Aviv, que inclui o aeroporto internacional Ben Gurion, relataram os sistemas de detecção.
Nesta tarde, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou soldados próximos à fronteira da faixa de Gaza e questionou se os militares estão preparados para a próxima fase da guerra.
Além disso, Netanyahu realizou uma inspeção nos kibutz de Kfar Aza e de Beeri, devastados pelo Hamas no último sábado (7).
Diversos veículos militares estão concentrados nos arredores de Erez, ao norte da fronteira de Gaza com Israel e um claro movimento para deflagrar uma invasão terrestre ao território vizinho, após o fim do prazo para a evacuação de civis palestinos.
Militares israelenses também se preparam para "a implementação de planos ofensivos que incluem, entre outras coisas, um ataque integrado e coordenado por ar, mar e terra", aponta um documento citado pelo jornal Haaretz.
Por sua vez, Ismail Haniya, líder do Hamas, revelou que os palestinos não deixarão Gaza e a Cisjordânia a caminho do Egito.
União Europeia -
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta sábado (14) que "irá triplicar imediatamente a ajuda humanitária a Gaza", elevando para mais de 75 milhões de euros.
"A Comissão aumentará imediatamente o atual orçamento de ajuda humanitária previsto para Gaza em 50 milhões de euros. Isto elevará o total para mais de 75 milhões de euros", afirmou ela, após uma reunião com o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.
Von der Leyen indicou o desejo de se manter em "estreita colaboração com as Nações Unidas para garantir que esta ajuda chegue a quem dela precisa na Faixa de Gaza".
Segundo a líder do Poder Executivo da UE, a comissão apoia o direito de Israel de se defender dos terroristas do Hamas, no pleno respeito pelo direito humanitário internacional.
"Estamos a trabalhar arduamente para garantir que os civis inocentes em Gaza recebam apoio neste contexto", acrescentou ela.
Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que seu país está se mobilizando para facilitar as condições de apoio ao Oriente Médio.
"Os EUA estão a trabalhar com os governos de Israel, Egito, Jordânia — e com a ONU — para aumentar o apoio para aliviar as consequências humanitárias do ataque do Hamas, criar as condições necessárias para retomar o fluxo de assistência e advogar a defesa da lei de guerra", escreveu ele na rede social X (antigo Twitter).
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