O ministro da Cultura da Itália, Gennaro Sangiuliano, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (6), após as polêmicas sobre o papel de sua ex-amante Maria Rosaria Boccia dentro do governo.
Em carta à premiê Giorgia Meloni, Sangiuliano disse que a decisão é "irrevogável" e prometeu demonstrar sua "absoluta transparência e correção".
"Estou orgulhoso dos resultados alcançados nas políticas culturais nestes dois anos no governo. Esse trabalho não pode ser manchado nem interrompido por questões de fofoca", escreveu o agora ex-ministro, que exercia a função desde outubro de 2022.
A polêmica eclodiu no fim de agosto, quando Boccia publicou nas redes sociais um agradecimento por ter sido nomeada "conselheira do ministro para grandes eventos", informação logo desmentida pelo governo.
Para provar sua proximidade com Sangiuliano e a ligação institucional com o ministério, Boccia passou a divulgar documentos, fotos, capturas de tela, vídeos e gravações telefônicas, inclusive arquivos relativos a uma visita às escavações no sítio arqueológico de Pompeia programada para os ministros da Cultura do G7 em 20 de setembro.
Na terça passada (3), Meloni convocou Sangiuliano para prestar esclarecimentos e decidiu manter o ministro no cargo.
Logo depois, ele deu uma longa entrevista ao principal telejornal da emissora pública RAI, durante a qual revelou ter tido um caso extraconjugal com Boccia, mas negando ter gastado dinheiro público para levar a amante em compromissos oficiais.
A mulher, por sua vez, disse em entrevista ao jornal La Stampa, publicada nesta sexta-feira, que Sangiuliano estava sendo "chantageado", mas sem afirmar por quem, e que ela fez diversas viagens nos carros da escolta do então ministro, que é casado com a jornalista Federica Corsini, da RAI.
"Nunca usei um euro do ministério para atividades impróprias. Já falei isso e vou comprovar em todas as instâncias. Também vou até o fim para agir contra quem publicou notícias falsas nos últimos dias", escreveu Sangiuliano em sua carta de renúncia.
Militante da direita desde a juventude, ele teve uma longa carreira como jornalista e mantinha boa relação com Meloni, apesar das frequentes gafes como ministro.
Em julho de 2023, deixou entender que não havia lido os livros finalistas do Strega, principal prêmio literário da Itália, embora fosse um dos jurados; em abril passado, disse que a Times Square, praça icônica de Nova York, ficava em Londres; no fim de 2022, afirmou que o uso excessivo de termos anglófonos era uma coisa de "radical chic", uma expressão em inglês.
Sangiuliano será substituído por Alessandro Giuli, presidente da Fundação Maxxi, que administra o Museu Nacional de Artes do Século 21 (Maxxi), em Roma.
"Agradeço sinceramente a Gennaro Sangiuliano, uma pessoa capaz e um homem honesto, pelo extraordinário trabalho realizado até agora", disse Meloni em uma nota.
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