(ANSA) - O bilionário Elon Musk desafiou a Justiça brasileira e anunciou que vai remover restrições contra perfis no X (antigo Twitter) que foram bloqueados a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em mensagens publicadas na noite de sábado (6), o dono da rede social denunciou uma suposta "censura agressiva" que "viola a lei e a vontade do povo brasileiro". Além disso, divulgou um relatório que acusa Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de tentar "minar a democracia" e de "transformar as políticas de moderação de conteúdo do Twitter em uma arma contra apoiadores" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tido como inimigo número 1 do bolsonarismo, Moraes determinou nos últimos anos o bloqueio de diversos perfis que publicavam desinformações sobre o sistema eleitoral brasileiro e ataques contra as instituições, como o do empresário Luciano Hang e do blogueiro de extrema direita Allan dos Santos - ambas as contas continuavam retidas até a tarde deste domingo (7).
"Estamos levantando todas as restrições. Esse juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortar o acesso ao X no Brasil. Como resultado, provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos de fechar nosso escritório lá", escreveu Musk, acrescentando que "princípios importam mais que lucros". "Alguém salve o Brasil!", exclamou o bilionário.
Fontes informaram à ANSA que operadores de telecomunicações no Brasil já foram inclusive alertados sobre um possível desligamento do X em todo o país caso Musk cumpra as ameaças.
O dono do X ainda respondeu diretamente uma publicação de Moraes, questionando por que o ministro pratica "tanta censura", e pediu o impeachment do magistrado.
"Em breve, o X publicará tudo o que foi exigido por Alexandre e como esses pedidos violam a legislação brasileira. Esse juiz traiu descarada e repetidamente a constituição e o povo do Brasil. Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment. Vergonha, Alexandre, vergonha", escreveu.
Reações
A reação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi imediata e veio do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que afirmou que é "urgente regulamentar as redes sociais". "Não podemos conviver em uma sociedade em que bilionários com domicílio no exterior se coloquem em condições de violar o Estado de Direito, descumprindo ordens judiciais e ameaçando nossas autoridades", salientou.
Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chamou Musk de "patético" e o acusou de "inflamar a extrema direita ao insinuar que há censura no Brasil". "Enquanto tentarem enfraquecer democracias, nós vamos resistir", prometeu.
Bolsonaro, por sua vez, celebrou a postura do bilionário e republicou um vídeo de 2022 no qual define Musk como o "mito da nossa liberdade".
Horas antes dos ataques do dono do X a Moraes, o ex-presidente já havia convocado uma manifestação para o próximo dia 21 de abril, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o ex-mandatário de extrema direita afirma que o objetivo é dar continuidade ao protesto de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, em São Paulo, quando ele pediu "anistia" para acusados de envolvimento com atos golpistas.
"Estaremos discutindo e levando informações a vocês sobre o nosso estado democrático de direito e também a maior fake news da história do Brasil, que está resumida na minuta de golpe", disse Bolsonaro, em referência ao documento encontrado com aliados e que estabelecia estado de sítio para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Vamos lutar pela nossa democracia e nossa liberdade", acrescentou o ex-presidente, que já está inelegível até 2030 e teve o passaporte retido pela Justiça. (ANSA)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA