(ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que "outro 8 de janeiro" só poderá ser evitado através do combate à desigualdade.
A análise, por ocasião do primeiro aniversário dos atos golpistas com invasão e depredação às sedes dos Três Poderes, em Brasília, foi publicada nesta segunda-feira (8) no jornal americano Washington Post.
"Fortalecer a democracia depende da habilidade dos Estados, não só de encarar as desigualdades estruturais e promover o bem-estar da população, mas também de confrontar os fatores que abastecem o extremismo violento", disse Lula.
Comparando o caso brasileiro à invasão ao Capitólio nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, Lula defendeu: "Outro 6 de janeiro ou 8 de janeiro só pode ser evitado transformando a realidade da desigualdade e do trabalho precário. Essa preocupação motivou a parceria para promover trabalho digno que lancei com o presidente [americano, Joe] Biden em setembro, com apoio da Organização Mundial do Trabalho [OMT]".
Para Lula, o aniversário marca a resiliência da democracia brasileira, severamente testada: "Uma semana após a posse de um governo recém-eleito, grupos extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes da República. Motivados por mentiras e desinformação, eles quebraram janelas e destruíram objetos históricos e obras de arte, enquanto transmitiam suas ações na internet".
"Felizmente, essa tentativa de golpe falhou. A sociedade brasileira repudiou a invasão, e, durante o último ano, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Executivo dedicaram esforços a esclarecer os fatos e responsabilizar os invasores", acrescentou o presidente.
Sem citar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula afirmou: "A tentativa de golpe foi a gota d'água de um longo processo promovido por líderes políticos extremistas para desacreditar a democracia em benefício próprio. O sistema eleitoral brasileiro, reconhecido internacionalmente por sua integridade, foi questionado pelos que foram eleitos usando o mesmo sistema".
"Sem evidências, reclamaram sobre a urna eletrônica brasileira, assim como os negacionistas da eleição americana reclamaram do voto por correspondência. O objetivo das falsas reclamações era desqualificar a democracia, para perpetuar o poder de maneira autocrática. Mas a democracia brasileira prevaleceu, e emergiu mais forte", afirmou o mandatário.
Citando feitos do governo, como a queda dos índices de desmatamento na Amazônia e a retomada de programas sociais, o presidente afirmou: "Desde meu retorno à presidência após 12 anos, a unidade do país e a reconstrução de políticas públicas bem-sucedidas têm sido metas da minha administração. Um governo que melhora vidas é a melhor resposta que temos para extremistas".
"O Brasil, com seus compromissos democráticos, voltou ao cenário internacional sem o negacionismo das mudanças climáticas e a negligência com a ciência da gestão anterior, que custou as vidas de centenas de milhares de brasileiros na pandemia de Covid-19", disse Lula.
Lula defendeu a necessidade de ações globais para promover a integridade da informação e seu desenvolvimento inclusivo e humano, além do uso da inteligência artificial: "As Nações Unidas, incluindo a Unesco, e outras organizações internacionais estão trabalhando para encarar esses problemas".
Por fim, o chefe de Estado ressaltou as prioridades do Brasil à frente do G20: "Colocamos a luta contra as desigualdades, em todas as suas dimensões, no centro da nossa agenda. Espero que líderes políticos possam se encontrar no Brasil ao longo do ano, buscando soluções coletivas para esses desafios que afetam toda a humanidade".
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