O ultraliberal de direita Javier Milei é o novo presidente eleito da Argentina. Com 99% das urnas apuradas, o anarcocapitalista venceu o segundo turno com 55,7% dos votos, contra 44,30% do candidato progressista peronista Sergio Massa, em uma eleição histórica e crucial para o país.
"Hoje começa o fim da decadência argentina. Começamos a reconstrução e viramos uma página da nossa história. Retomamos o caminho que nunca deveríamos ter perdido. Acaba o modelo de Estado que abençoa apenas alguns enquanto a maioria sofre. É uma noite histórica, voltamos a abraçar a ideia de liberdade", disse o chefe de Estado eleito.
Depois de colocar a jaqueta de couro no armário, Milei apareceu de paletó e gravata ao lado da irmã Karina, seu apoio durante toda a campanha eleitoral, penteado e recém-saído do barbeiro. "Sabemos que há pessoas que resistirão para manter seus privilégios. Seremos implacáveis: dentro da lei, tudo, fora da lei, nada", alertou, pedindo ao governo peronista de Alberto Fernández que "tome conta do país até a fim do mandato".
Milei tomará posse em 10 de dezembro, justamente no 40º aniversário do retorno da democracia após a última ditadura militar. "A situação é dramática, não há espaço para o gradualismo, para meias medidas", indicou o vencedor, elencando a inflação, a miséria e a insegurança como os desafios mais urgentes. "A Argentina tem futuro e é liberal", observou o futuro presidente, prometendo que, em 35 anos, o país será "uma potência mundial".
Em seu pronunciamento, Milei evitou falar de seus carros-chefes na campanha, como a dolarização ou o fechamento do Banco Central, mas não pôde deixar de repetir seu lema: "Viva a liberdade, caralho", aclamado pelos gritos de seus eleitores, enquanto nas cidades do país, de Buenos Aires a Córdoba e Mendoza, milhares de pessoas com bandeiras azuis e brancas se reuniam para comemorar com canções, danças e carreatas.
Poucas horas antes, Massa admitira a derrota enquanto a contagem dos votos ainda estava em andamento. "A Argentina tem um sistema democrático sólido e forte que sempre respeita os resultados. Obviamente, o resultado não é o que esperávamos, e entrei em contato com Javier Milei para parabenizá-lo e desejar-lhe boa sorte, pois será o próximo presidente", disse o ministro da Economia, para decepção de seus eleitores, que ainda assim lhe aplaudiram.
"Fiz isso convencido de que o mais importante que devemos deixar nesta noite é a mensagem de que a convivência, o diálogo e o respeito pela paz diante de tanta violência e desqualificação são o melhor caminho que podemos seguir"", ressaltou Massa, destacando que os argentinos, porém, "escolheram outro caminho".
"E a partir de amanhã, a responsabilidade de dar certezas, de transmitir garantias a nível social, político e econômico, recai sobre o presidente eleito. Esperamos que o faça", acrescentou.
A vitória de Milei já estava no ar assim que as urnas foram fechadas. "Temos dados preliminares que nos dão confiança. Começa uma mudança na Argentina", disseram porta-vozes da coalizão A Liberdade Avança, sem esconder certo entusiasmo.
O clima de otimismo também foi confirmado pela mensagem eufórica que o ex-presidente Mauricio Macri e a candidata derrotada no primeiro turno Patricia Bullrich, que apoiaram Milei, enviaram a todos os observadores nos locais de votação, declarando estar "muito satisfeitos" com o trabalho realizado, enquanto os primeiros rumores já indicavam uma vitória clara. (ANSA)
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