laico e com honras de Estado - do ex-presidente Giorgio Napolitano, morto em 22 de setembro, aos 98 anos de idade, no plenário da Câmara dos Deputados, em Roma, foi marcado por uma série de discursos em homenagem a uma das principais figuras políticas da Itália.
A abertura ficou por conta o presidente da Câmara dos Deputados, Lorenzo Fontana, que descreveu Napolitano como "um das figuras mais importantes da história da República".
Já o presidente do Senado, Ignazio La Russa, ressaltou que Napolitano era fiel aos seus valores políticos e sempre defendeu seu passado, as suas raízes.
"Giorgio Napolitano foi um exemplo de cultura que se transforma em política e de cultura política que se transforma em instituição. Como chefe de Estado liderou a nação encarnando os valores que são os alicerces da nossa Constituição", afirmou.
O filho de Napolitano, Giulio, convidou os presentes no funeral de seu pai a "viver este momento com espírito de unidade e partilha" e fez um agradecimento especial ao papa Francisco, que visitou de surpresa o velório.
A neta do ex-presidente, Sofia Napolitano, não conseguiu conter as lágrimas ao prestar uma emocionante homenagem no funeral de Estado. "Giorgio Napolitano era um líder, um político e um homem formidável e atencioso", disse ela.
Segundo a jovem, "ele esteve sempre presente para nós, ouviu os nossos problemas de forma ativa e compreensiva, embora estivesse ocupado com os problemas do país".
Por sua vez, o comissário europeu para Assunto Econômicos e ex-premiê da Itália Paolo Gentiloni enfatizou que a postura pró-europeia adotada por Napolitano "não foi retórica, mas o resultado de uma mudança de rumo dentro de seu partido, uma alteração contra as quais ele lutou".
"A escolha europeia foi uma escolha de campo de batalha, uma escolha de vida e uma escolha de liberdade", acrescentou Gentiloni, lembrando que, para o ex-presidente, a democracia na Itália, como na Europa, era antes de tudo o Parlamento".
Napolitano "viveu com preocupação o início do aumento dos fluxos migratórios, apelando a um compromisso europeu comum para os gerir e a políticas nacionais de inclusão e integração mais avançadas. Ele olhou com apreensão para a crise ucraniana, com os perigos da escalada", reforçou.
O ex-secretário de gabinete Gianni Letta também homenageou Napolitano, ressaltando que tanto ele quanto o ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi, que morreu no dia 12 de junho, "poderão dizer o que não disseram aqui embaixo" quando "se encontrarem lá em cima" Napolitano era presidente quando Berlusconi foi forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro em 2011, no auge da crise da dívida da zona euro.
"Quando uma personalidade como Giorgio Napolitano morre, a perda é de todos", enfatizou.
Após os discursos, o caixão de Napolitano, coberto pela bandeira da Itália, deixou a Piazza Montecitorio entre aplausos dos presentes. Os primeiros a saírem da Câmara dos Deputados foram os familiares, entre eles a esposa do ex-presidente, Clio, seu filho Giulio e sua neta Sofia. A cerimônia durou pouco mais de uma hora.
O ex-presidente da Itália será sepultado no Cemitério Não-Católico de Roma, também conhecido como Cemitério Protestante. Os poetas britânicos John Keats e Percy Bysshe Shelley, o pintor russo Karl Briullov e o marxista italiano Antonio Gramsci também estão enterrados lá.
Napolitano lutava contra uma longa doença e faleceu em uma clínica de Roma, capital da Itália. Ele foi o 11º presidente na história da República Italiana e o primeiro a ser reeleito para um segundo mandato, abrindo um precedente que seria seguido por Mattarella, seu sucessor.
Ex-membro do Partido Comunista Italiano (PCI), ele chefiou o Estado entre maio de 2006 e janeiro de 2015, quando renunciou ao cargo devido à idade avançada.
Ao longo desse período, foi uma figura de garantia institucional e estabilidade em um dos momentos mais complicados da história republicana da Itália: a crise do euro, quando Napolitano pressionou pela renúncia do então premiê Silvio Berlusconi e bancou um governo técnico guiado pelo economista Mario Monti.
Ele também foi presidente da Câmara dos Deputados (1992-1994), ministro do Interior (1996-1998) e ministro da Defesa Civil (1996-1998), além de parlamentar por quase 40 anos.
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