(ANSA) - Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden se reuniram nesta quarta-feira (20), à margem da Assembleia Geral da ONU, nos Estados Unidos, para lançar um manifesto pró-trabalhadores.
Antes da reunião, os dois líderes falaram à imprensa. Biden agradeceu Lula pela parceria e disse que o anúncio seria uma honra: “Estamos promovendo o crescimento inclusivo. As duas maiores democracias do hemisfério ocidental estão defendendo os direitos humanos, incluindo os direitos dos trabalhadores. Será uma honra lançar a nova parceria. Obrigado por estar aqui, espero continuar trabalhando juntos".
Lula, por sua vez, classificou o encontro como "histórico": "É uma satisfação um encontro do governo brasileiro com o americano. A democracia corre cada vez mais perigo porque a negação da política fez com que setores extremistas tenham ocupado espaço no mundo inteiro. Isso já aconteceu no Brasil, está acontecendo na Argentina e outros países", afirmou Lula.
"Eu acompanhei seu discurso de posse, eu nunca tinha visto um presidente americano falar dos trabalhadores como o senhor falou. Eu venho do mundo do trabalho, eu acho que o trabalho está muito precarizado, e essa sua ideia de apresentar uma proposta que poderá ir até o G20 é muito importante para o Brasil, para Estados Unidos e para o mundo", acrescentou Lula.
“A pobreza e a desigualdade não interessam a ninguém. O que estamos fazendo aqui, em pleno coração dos Estados Unidos, tentando despertar a expectativa de uma esperança. Eu acho que é uma oportunidade de ouro para nós”, disse Lula, que ainda declarou que Brasil e EUA devem se tratar como “amigos com objetivo em comum”.
Após a reunião privada, os dois líderes lançaram a Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras, promovendo o trabalho digno.
O lançamento havia sido anunciado em agosto, após telefonema entre os presidentes, e prevê não só o aumento do número de empregos, mas também a melhoria das condições laborais.
A ideia é também ampliar a colaboração entre os governos com os sindicatos e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo diretor, Gilbert F. Houngbo, também participou do lançamento.
“Convido cada um dos lideres globais para que se juntem a nóss e se comprometam para garantir o respeito aos trabalhadores. Nossas economias e nações vão ficar mais fortes” disse Biden.
“Quando ingressei na vida sindical, eu jamais imaginei ser presidente da república e estar no púlpito ao lado de Biden, do diretor-geral da OIT, discutindo a criação de uma politica de trabalho decente, para melhorar a vida do trabalhador, sobretudo nesse mundo digitalizado com o poder da inteligência artificial”, disse Lula.
“Sabemos o que aconteceu com a politica neoliberal. O saldo foi que temos dois milhões de trabalhadores no setor informal, segundo a OIT. Temos 240 milhões de trabalhadores, que mesmo trabalhando, vivem com menos de um dólar e 90 por dia. É inaceitável que mulheres, minorias étnicas e LGBTQIA+ sejam discriminados no trabalho”, acrescentou o brasileiro.
“Desde que voltei à presidência do Brasil, tenho me empenhado em construir outro país. Em poucos meses criamos 1,2 milhões de empregos formais, aprovamos no Congresso uma lei que garante à mulher receber o mesmo salário do homem. Queremos criar um novo marco na relação capital e trabalho, uma relação do século 21, civilizada”, prometeu Lula.
“Estamos trabalhando com coisas urgentes: proteção dos direitos trabalhistas, do trabalho digno, combate à discriminação, uso da tecnologia em prol do trabalho decente. Essa iniciativa será levada adiante pelo presidente Biden e por mim internacionalmente. Todo homem e mulher, preto ou branco, tem direito a um trabalho decente.”
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