(ANSA) - O vice-premiê da Itália e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, disse neste sábado (2) que o envolvimento do país na Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) da China, um enorme programa de infraestrutura para criar uma espécie de Rota da Seda moderna, não correspondeu às expectativas até agora.
Em março de 2019, o então primeiro-ministro Giuseppe Conte assinou um memorando de entendimento sobre a BRI, que deverá ser renovado até ao final deste ano.
"Queremos continuar a trabalhar intensamente com a China, mas também devemos realizar uma análise em relação às exportações", declarou Tajani no Fórum Ambrosetti em Cernobbio.
"Se analisarmos, a Rota da Seda não trouxe os resultados que esperávamos. As exportações da Itália para a China em 2022 chegaram a 16,5 bilhões de euros, as da França 23 bilhões e da Alemanha, 107 bilhões", acrescentou.
O chanceler italiano ressaltou que o Parlamento deverá fazer uma avaliação e depois decidir se renovamos ou não a nossa participação neste projeto".
"Queremos ter uma relação sólida com a China sabendo muito bem que é um parceiro, mas também um concorrente, um rival sistêmico", explicou Tajani.
De acordo com ele, "se quisermos competir" com Pequim, "precisamos de uma política externa europeia e de regras que garantam a competitividade das nossas realidades industriais".
Tajani revelou ainda que irá à China para pedir que intervenha junto à Rússia para pressionar o Kremlin a tomar medidas em direção a uma paz justa, o que significa independência e liberdade para a Ucrânia".
Já sobre os fluxos migratórios provenientes da África, ele disse que "não sabemos para onde esta instabilidade na África Subsaariana irá levar o continente, mas devemos garantir que ela não volte para nos assombrar. "Isto significa controlar os fluxos migratórios", enfatizou.
Outro ponto que destacou foi que a política europeia deveria prestar mais atenção à América Latina e à África, onde deixou demasiado espaço à China e à Rússia, com vista à defesa dos seus interesses industriais e comerciais.
"Precisamos de recuperar espaço naqueles países que têm relações de longa data com os europeus e onde uma política industrial europeia de exportação, de internacionalização e também uma política de turismo pode ser implementada", concluiu o ministro italiano.
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