(ANSA) - Um projeto de lei que prevê castração química para condenados por estupro se tornou ponto de discórdia entre integrantes do governo da Itália, especialmente entre os dois vice-primeiros-ministros, Matteo Salvini e Antonio Tajani.
Nesta sexta-feira (1º), Tajani, que também é ministro de Relações Exteriores e líder do partido Irmãos da Itália (FI), da premiê Giorgia Meloni, afirmou: "Não acredito que a castração química seja uma solução. Não está na agenda do governo. Atuar sobre o corpo de uma pessoa não é a solução correta, sou contrário também à pena de morte".
"Devemos ser firmes sobre o feminicídio. Apresentaremos um projeto de lei do FI que já está pronto, prevendo um app para todas as mulheres, um instrumento de emergência que se ativa no próprio telefone", acrescentou.
"É preciso, porém, trabalhar na questão cultural nas famílias. É preciso ensinar os filhos a respeitar as filhas, e o pai deve dar o exemplo respeitando a mulher", concluiu Tajani.
Nos últimos dias, Matteo Salvini, que também é ministro da Infraestrutura e dos Transportes e líder do partido Liga, tem batido na tecla do projeto de lei, que já foi enviado ao Senado.
"Os tempos estão maduros para passar das palavras aos fatos.
Os objetivos são: segurança das mulheres, prevenção de novos crimes e cura dos sujeitos que, declarados perigosos pelos juízes, se submeterão a um tratamento", insistiu na quinta-feira (31).
"O decreto está à disposição das forças políticas de bom senso. Não há previsão de nenhuma violação de direitos das pessoas", acrescentou Salvini.
O texto prevê que o "tratamento" poderá ser voluntário ou coercitivo. No primeiro caso, poderia ser solicitado por condenados por estupro e violência sexual contra menores. No segundo, seria determinado em juízo após perícia psiquiátrica.
A discussão veio à tona após a repercussão de ao menos dois casos brutais de estupro coletivo que chocaram a Itália, ambos no sul do país: um contra uma jovem de 19 anos em Palermo, outro contra duas primas de 10 e 12 anos de idade em Caivano.
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