(ANSA) - O ex-senador italiano Marcello Dell'Utri, beneficiado pelo testamento do ex-premiê Silvio Berlusconi com 30 milhões de euros, foi alvo de uma operação de busca e apreensão no âmbito de um inquérito sobre os mandantes dos atentados cometidos pela máfia em 1993.
Os investigadores foram à casa e ao escritório de Dell'Utri e também o convocaram para um interrogatório em Florença no próximo dia 18 de julho.
A tese do Ministério Público florentino é de que o ex-senador teria instigado e solicitado ao líder mafioso Giuseppe Graviano a "organizar e implantar a campanha de massacres para criar as condições para a afirmação do [partido] Força Itália, fundado por Silvio Berlusconi".
Em contrapartida, o MP acusa Dell'Utri de ter prometido que, com Berlusconi no comando do governo, o Parlamento aprovaria medidas "favoráveis à Cosa Nostra sobre tratamento carcerário, colaboradores da justiça e apreensão de patrimônio".
Ainda de acordo com os investigadores, os atentados promovidos pela máfia em Florença, Milão e Roma em 1993 buscavam enfraquecer o governo do então premiê Carlo Azeglio Ciampi, que seria sucedido por Berlusconi em 1994, e "difundir o pânico e o medo para favorecer o projeto político" do líder conservador.
Dell'Utri, 81, já cumpriu pena por "participação externa em associação mafiosa" e sempre foi considerado o braço direito de Berlusconi, tendo sido deputado de 1996 a 2001 e senador de 2001 a 2013.
Além disso, foi absolvido em um processo sobre as supostas ligações entre o Estado e a máfia para interromper a temporada de atentados no início dos anos 1990. Há uma semana, a abertura do testamento de Berlusconi, morto em 12 de junho, revelou que o ex-premiê deixou 30 milhões de euros para Dell'Utri.
"Não esperava porque ele não me devia nada. O afeto continuaria mesmo sem esse gesto material, que demonstra a grandeza do homem. Eu dei tudo para ele, e ele deu tudo para mim", disse o ex-senador na ocasião.
A operação contra Dell'Utri provocou reações no Força Itália, com o deputado Pietro Pittalis, vice-presidente da Comissão de Justiça da Câmara, dizendo estar "desconcertado" com a notícia. "Apresentaremos um questionamento urgente ao ministro da Justiça, Carlo Nordio", prometeu. (ANSA)
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