(ANSA) - O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta de repúdio ao jornal italiano La Repubblica em 2020 por conta de uma reportagem sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, ocorrido dois anos antes.
Segundo o canal SBT, que se baseou em telegramas oficiais obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), a gestão Bolsonaro organizou uma "ofensiva envolvendo as principais embaixadas na Europa" para "blindar a imagem" do então presidente.
Esses documentos estavam sob sigilo de 100 anos imposto pelo governo Bolsonaro, porém foram tornados públicos no fim da semana passada após uma revisão feita pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Em um dos telegramas, datado de 13 de fevereiro de 2020, o embaixador do Brasil em Roma, Helio Ramos, diz ao Itamaraty que enviou uma carta de repúdio ao jornal La Repubblica por conta de uma reportagem que supostamente levantava "suspeitas sobre a honra do presidente Jair Bolsonaro" e apresentava "ilações difamatórias e infundadas".
O texto em questão havia sido publicado três dias antes e diz que a investigação sobre a execução de Marielle poderia ser "perigosa" para o então presidente e sua família. "Um entrelaçamento de relações e amizades que pode chegar até o Planalto, abrindo caminho também para as conexões entre política e criminalidade", afirma a matéria.
A reportagem aborda a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, o "Capitão Adriano", vítima de uma operação policial na Bahia em 2020 e tido como um dos líderes do grupo de sicários Escritório do Crime, do qual supostamente fazia parte o ex-PM Ronnie Lessa, acusado pelas mortes de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.
Adriano da Nóbrega teve parentes empregados no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, atual senador, e chegou a ser homenageado pelo filho mais velho do ex-presidente.
Diplomatas brasileiros na Europa também questionaram veículos de imprensa na Alemanha, na França e na Suíça por conta de reportagens críticas a Bolsonaro. (ANSA)
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