(ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um longo discurso durante a 7ª edição da Cúpula da Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nesta terça-feira (24) e afirmou que a decisão do governo anterior de retirar o Brasil do bloco foi "lamentável".
"Ao longo dos sucessivos governos brasileiros desde a redemocratização nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação. A exceção lamentável foram os anos recentes, quando meu antecessor tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac", afirmou aos presentes. Lula ressaltou que o "Brasil está de volta à região e pronto para trabalhar lado a lado com todos vocês, com um sentido muito forte de solidariedade e proximidade" e pediu que o bloco tenha espírito de "solidariedade, diálogo e cooperação".
Presidente Lula na VII Cúpula daCELAC https://t.co/CrHBu0REL2
— Lula (@LulaOficial) January 24, 2023
O mandatário ainda agradeceu aos líderes da Celac pelo apoio demonstrado ao seu governo por conta dos atos golpistas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro destruíram os prédios federais na Praça dos Três Poderes. "É importante ressaltar que somos uma região pacífica, que repudia o extremismo, o terrorismo e a violência política", pontuou.
O discurso em si focou nas "múltiplas crises" que o mundo atual vive: "pandemia, mudança do clima, desastres naturais, tensões geopolíticas, pressões sobre a segurança alimentar e energética, ameaças à democracia representativa como forma de organização política e social".
"Tudo isso em um quadro inaceitável de aumento das desigualdades, da pobreza e da fome. A maior parte desses desafios, como sabemos, é de natureza global, e exige respostas coletivas. Não queremos importar para a região rivalidades e problemas particulares. Ao contrário, queremos ser parte das soluções para os desafios que são de todos", acrescentou.
Lula elogiou ainda as decisões tomadas pela Celac durante a pandemia e as questões de segurança alimentar e disse que todas as nações têm ainda mais a contribuir para ajudar a resolver essas questões urgentes.
Na questão ambiental, o presidente reforçou promessas feitas recentemente tanto durante a COP-27, no Egito, ou durante seus pronunciamentos em Brasília.
O petista voltou a falar da questão de energia, dizendo que o Brasil "tem capacidades muito especiais para participar da transição energética global" e ressaltou os biomas brasileiros e os "recursos naturais estratégicos".
Mais para o fim de seu discurso, o líder brasileiro destacou a importância "do desenvolvimento e aprofundamento dos diálogos com sócios extra regionais, como a União Europeia, a China, a Índia, a Asian e, muito especialmente, a União Africana".
"As diversas crises que vivemos hoje no mundo demonstram o valor da integração. A pandemia da Covid-19 evidenciou os riscos associados à excessiva dependência que temos de insumos fundamentais para o bem-estar de nossas sociedades. Isso não significa que devemos nos fechar ao mundo. Salienta apenas que essa integração será feita em melhores termos se estivermos bem integrados em nossa região", pontuou.
Lula ainda pregou o respeito entre as nações do bloco, aos povos originários e as minorias e disse que "nada deve nos separar, já que tudo nos aproxima". Ainda fez uma homenagem a Darcy Ribeiro, antropólogo, sociólogo, historiador e político, que teria completado 100 anos em 2022.
"O Brasil volta a olhar para seu futuro com a certeza de que estaremos associados aos nossos vizinhos bilateralmente, no Mercosul, na Unasul e na Celac. É com esse sentimento de destino comum e de pertencimento que o Brasil regressa à Celac, com a sensação de quem se reencontra consigo mesmo", finalizou sob aplausos.
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