(ANSA) - O governo da Itália prepara um projeto de lei para aumentar a transparência de atividades comerciais com fins beneficentes, na esteira do escândalo que arranhou a imagem da influenciadora digital Chiara Ferragni, investigada por suspeita de fraude em ações de caridade.
O texto, que deve ser votado pelo Conselho dos Ministros nesta quinta-feira (25) e já ganhou o apelido de "Lei Ferragni", estabelece multas de 5 mil a 50 mil euros (de R$ 27 mil a R$ 270 mil) contra produtos protagonistas de campanhas beneficentes que não destacarem de forma clara a finalidade e os destinatários dos recursos arrecadados.
Em caso de reincidência, o infrator arriscaria a suspensão de suas atividades por um ano. Além disso, as empresas terão de indicar essas mesmas informações à autoridade antitruste da Itália antes da comercialização dos produtos, bem como o prazo para o repasse do dinheiro de caridade.
A iniciativa chega após Ferragni, influencer mais famosa do país, ter sido multada em 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões) por prática comercial desleal na promoção de um pandoro (doce natalino típico da Itália) com edição limitada que carregava sua marca.
A publicidade do produto fazia o público acreditar que o dinheiro obtido com as vendas seria revertido para um hospital de Turim, mas, na verdade, a Balocco, fabricante do doce, já havia feito uma doação de 50 mil euros antes mesmo de a campanha começar, valor muito menor do que o arrecadado posteriormente.
Estima-se que as empresas de Ferragni tenham faturado 1 milhão de euros com o pandoro, cifra que a influenciadora doou ao Hospital Regina Margherita, em Turim, após a repercussão negativa do caso.
No entanto, mais tarde veio à tona que Ferragni também está sob investigação por práticas semelhantes em ações beneficentes a partir das vendas de ovos de Páscoa e de bonecas ligados à sua marca.
O caso ganhou inclusive contornos políticos, uma vez que a influencer e seu marido, o popular rapper Fedez, são associados a pautas progressistas, como a igualdade de gênero e os direitos da comunidade LGBTQIA+, e são críticos da coalizão atualmente no poder.
"Os influenciadores não são aqueles que ganham muito dinheiro vestindo roupas e bolsas ou promovendo panetones caríssimos, fazendo as pessoas acreditarem que será feita uma caridade, mas cujo preço servirá apenas para pagar cachês milionários", criticou a premiê de direita Giorgia Meloni durante discurso em dezembro passado. (ANSA)
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