(ANSA) - Um novo caso de racismo causou comoção no futebol italiano e provocou uma dura resposta do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que propôs derrota automática para clubes cujos torcedores pratiquem atos de discriminação racial.
A vítima da vez é o goleiro do Milan Mike Maignan, alvo de insultos racistas por parte de apoiadores da Udinese durante uma partida no último sábado (20), em Údine.
O arqueiro francês alertou o árbitro Fabio Maresca sobre os coros discriminatórios, e o jogo chegou a ser interrompido por cinco minutos.
Os jogadores do Milan deixaram o gramado em solidariedade a Maignan, enquanto os atletas da Udinese se dirigiram à curva onde ficam as torcidas organizadas para pedir o fim dos coros. A partida terminou com vitória rossonera por 3 a 2.
"Ouço imitações de macaco dirigidas para mim em toda partida. São coisas que não podem acontecer, assim não se pode jogar. Não é a primeira vez, então precisamos dar um sinal importante", disse o goleiro milanista à Sky Sport.
"Saímos de campo para fazer o árbitro e o público entenderem o que estava acontecendo. É preciso uma punição para ajudar todos os jogadores que sofrem o que eu sofri. Trata-se de ignorantes que devem ficar em casa", concluiu.
Já o Milan prestou solidariedade ao arqueiro e instituiu um dia de silêncio nas redes sociais para protestar contra o racismo.
Por sua vez, o ministro dos Esportes da Itália, Andrea Abodi, pediu "desculpas" a Maignan. "O nosso 'não' ao racismo não pode, não deve e não quer ter a cor de uma camisa ou da pele, não diz respeito a uma religião, a um povo ou a uma cidade. E quem erra deve responder", declarou o político.
A Udinese divulgou uma nota em que lamenta o episódio e condena "qualquer ato de racismo e violência". "Reafirmamos nossa aversão a qualquer forma de discriminação e expressamos nossa profunda solidariedade a Mike Maignan, à luz do deplorável episódio ocorrido no sábado em nosso estádio", diz o comunicado.
"A Udinese vai colaborar com todas as autoridades investigativas para garantir o esclarecimento imediato do ocorrido, com o objetivo de adotar qualquer medida necessária para punir os responsáveis. Como clube, continuaremos trabalhando diligentemente, como sempre fizemos, para promover a diversidade", acrescenta a nota.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, também se pronunciou e disse que episódios de racismo são "repugnantes e inaceitáveis". Além disso, propôs derrota "automática para equipes cujos torcedores pratiquem racismo e causem o abandono da partida, bem como banimento mundial de estádios e acusações criminais contra os racistas."
"Não há lugar para racismo ou qualquer forma de discriminação - tanto no futebol como na sociedade. Os jogadores afetados têm o meu total apoio", salientou o cartola.
Até o momento, não foi anunciada nenhuma nova medida para punir casos de discriminação na Itália, e os autores dos insultos contra Maignan ainda não foram identificados. (ANSA)
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