(ANSA) - A jogadora de vôlei Paola Egonu, um dos pilares da seleção da Itália, falou abertamente sobre vários episódios de racismo que sofreu no país europeu desde a infância.
Natural de Cittadella, Egonu tem 24 anos e ingressou na equipe azzurra há quase uma década, quando ainda era adolescente. A atleta foi vítima de ataques racistas em inúmeros momentos na carreira, mas revelou à revista Vanity Fair que é alvo de insultos desde criança.
"Estava no jardim de infância e, com uma amiga minha, arrancamos a grama do jardim. A professora nos colocou de castigo e pedi três vezes para ir ao banheiro, mas ela negou. No final, fui às pressas, sem permissão, mas já era tarde demais: minha roupa estava toda suja. A professora riu de mim e me chamou de 'fedorenta'. Ainda tive que esperar, suja, minha mãe chegar", relatou Egonu.
Em virtude dessa experiência que passou quando ainda era criança, a italiana afirmou que até hoje tem dificuldade em usar um banheiro que não seja o da sua própria casa.
Na entrevista, Egonu também criticou as pessoas que a insultam questionando a razão dela ser italiana. "Eles não sabem nada sobre mim ou sobre nós, atletas. Eles não sabem o quanto lutamos e o quanto estamos cansadas. Eu acabo me perguntando: 'por que diabos devo representá-los?'", comentou a jogadora de vôlei.
Egonu ainda mencionou que tem medo de dar à luz uma criança que pudesse reviver na pele toda a crueldade que passou ao longo de sua vida.
"Se algum dia eu tiver um filho, ele vai passar por toda a porcaria que eu vivi. Então, valeria dar à luz uma criança e condená-la à infelicidade?", questionou Egonu.
Jogadora do VakifBank, da Turquia, Egonu já venceu dois Campeonatos Italiano, cinco Copas da Itália e duas Champions ao longo da carreira. Ela auxiliou a Azzurra a vencer um Europeu, em 2021, e a Liga das Nações de 2022.
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