(ANSA) - Uma petição assinada por mais de 4 mil cidadãos venezianos foi enviada nesta quarta-feira (13) para a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, e aos 21 membros do Comitê do Patrimônio Mundial para defender a inclusão de Veneza na lista de patrimônios da humanidade em perigo.
O documento, disponibilizado na plataforma change.org, ressalta que "a Veneza que tantos viajantes, livros e filmes contaram e fizeram o mundo inteiro amar está a desaparecer".
"A cidade hoje é cada vez mais atingida por massas de turistas que obstruem suas ruas, pontes e transportes públicos, colocando em risco a segurança das pessoas", específica a carta.
O grupo reforça que "a monocultura turística sobrecarrega o comércio de bairro e as poucas atividades econômicas e artesanais que dão vida ao tecido urbano reduzido a menos de 50 mil habitantes".
Além disso, enfatiza que novos hotéis, bares, novos negócios para turistas e concessões de barracas continuam sendo abertos. Para os venezianos, "a qualidade de vida está a ser prejudicada e a degradação, a pequena criminalidade, o medo de passear à noite estão crescendo".
"E tudo isto é gerado por uma máquina de turismo lançada sem controle para obter rapidamente grandes lucros para poucos, contra o bem comum e as pessoas que querem viver na cidade", conclui o texto.
Em julho passado, a Unesco recomendou a inclusão de Veneza na lista de patrimônios da humanidade em perigo e apelou para as autoridades italianas intensificarem os esforços para proteger a cidade histórica.
De acordo com o Centro do Patrimônio Mundial, braço da Unesco, "os efeitos da deterioração contínua devido à intervenção humana, incluindo o desenvolvimento contínuo, os impactos das mudanças climáticas e o turismo em massa correm o risco de causar mudanças irreversíveis no valor universal excepcional do bem".
O pedido foi feito porque as medidas propostas pelo governo italiano foram classificadas como "insuficientes" e precisam ser desenvolvidas. Desta forma, uma inclusão na lista "em perigo" teria como objetivo incentivar a melhor prevenção do patrimônio para o futuro.
No entanto, existe uma corrida contra o tempo para evitar esse rótulo, já que o comitê oficial avaliará a situação da "Sereníssima" durante a cúpula anual em Riad, na Arábia Saudita, até 25 de setembro.
A prefeitura de Veneza tenta agir "apressando" a aprovação do novo regulamento para começar a testar o pagamento de um "ingresso" para quem quiser acessar a cidade a partir da primavera de 2024.
A ideia da taxa de acesso foi inspirada nas "taxas de desembarque" aplicadas em algumas ilhas italianas. O principal objetivo da iniciativa é criar um impedimento para os fluxos indiscriminados de turistas que inundam Veneza, apesar de o prefeito da cidade, Luigi Brugnaro, acreditar já ter cumprido todos os pedidos e exigências da Unesco.
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