Exatos 10 anos após a confirmação da existência do Bóson de Higgs, o acelerador de partículas LHC, da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), está pronto para voltar a explorar o mundo subatômico com colisões em energias nunca antes vistas.
Às 16h (horário de Genebra) desta terça-feira (5), o Grande Colisor de Hádrons, maior acelerador de partículas já construído pela humanidade, entrará em seu terceiro ciclo de atividades, após ter passado os últimos três anos em manutenção.
Nessa nova etapa, o LHC lançará feixes de partículas a velocidades próximas à da luz em um túnel de 27 quilômetros situado abaixo da fronteira entre Suíça e França, gerando colisões de até 13,6 trilhões de elétron-volts, número inédito para um experimento humano.
"Teremos uma capacidade ainda maior de explorar o desconhecido", afirmou à ANSA a diretora do Cern, a italiana Fabiola Gianotti. Graças ao aumento da potência e a uma série de melhorias feitas no LHC, os experimentos poderão atingir precisões sem precedentes.
O acelerador funcionará ininterruptamente por quase quatro anos, e os físicos estimam coletar o dobro da quantidade de dados obtida até agora. "A cada vez que se dá um salto de energia, aumentam as oportunidades de descobrir novas partículas e novos fenômenos, mas também de medir com mais precisão as partículas que já conhecemos", acrescenta Gianotti.
Ela cita como exemplo o Bóson de Higgs, "uma partícula essencial para entender o funcionamento da física fundamental e do universo".
Um dos sonhos declarados dos cientistas do Cern é descobrir a partícula que constitui a matéria escura, o misterioso componente que não interage com a matéria normal e sobre o qual se sabe pouca coisa além do fato de que existe e de seus efeitos gravitacionais.
"Sabemos que o universo contém cerca de 25% de matéria escura, e descobrir a partícula que a compõe seria um passo enorme", declarou a diretora.
Até hoje, o maior feito do LHC é a confirmação da existência do Bóson de Higgs, anunciada pelo Cern em 4 de julho de 2012. Essa partícula é fundamental para a compreensão sobre o processo de formação da matéria após o Big Bang, evento que teria feito o universo sair de um estado infinitamente denso e quente para uma expansão cada vez mais acelerada.
O campo e o Bóson de Higgs teriam sido os responsáveis por conferir massa a outras partículas no universo primordial, permitindo que o cosmo ganhasse a forma que tem hoje.
A descoberta rendeu o Nobel de Física a Peter Higgs e François Englert, que, juntos com Robert Brout, morto em 2011, haviam previsto a existência desse elemento em 1964, quase 50 anos antes da confirmação dada pelo LHC.
No entanto, o acelerador é alvo de críticas na comunidade científica por não ter feito nenhuma descoberta relevante após o Bóson de Higgs, apesar dos custos multibilionários envolvidos no projeto. (ANSA)
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